Terminando nossa contagem regressiva, trazemos um conto inédito de nossa autoria: "Divirta-se: Mágica"!
Divirta-se: mágica
– Eu não gosto de mágica. – Disse séria, olhando fixamente
pros olhos castanhos.
– Isso é uma
coisa muito boa pra se dizer pra um mágico aspirante no primeiro
encontro!
– Eu falo sério.
– Eu também!
Imagina se você tivesse esperado mais três encontros pra me dizer
isso? Eu ia ficar sentido…
Mágica não é só fazer cartas aparecerem em lugares estranhos!
– Ah, sei, é
fazer aparecer coelhos também, não é?
– Você está
mal-humorada hoje! Me dê sua mão.
Ele pegou as mãos
macias da moça e apertou um pouco. Olho-a nos olhos e disse:
– Você brigou com
a sua irmã hoje e seu cachorro ficou doente também.
– Ah… para com
isso! – Disse afastando-se e com um sorriso estranho. – Como
adivinhou?
– Eu disse que
mágica é mais do que imagina!
– Quer saber? Eu
também sinto uma energia negativa, e eu não sentia antes.
– Energia
negativa? Bom… não sei o que dizer.
– É, como se algo
de ruim fosse acontecer. Quer dizer, deve ser algum remorso por ter
saído de casa sem avisar
meus pais e não ter me desculpado com a minha irmã…
– Deve ser.
Os jovens andavam
por uma rua escura, era por volta das 18 horas. Naquele bairro não
tinha muito movimento, era
afastado do centro da cidade, mas ali tinha um lote grande, onde o
Parque de Diversões da cidade
foi instalado. Há sete meses o Parque foi interditado porque houve complicações, mas
nada foi muito divulgado. Os donos ficaram muito tristes com o
acontecimento, mas não puderam
fazer nada além de abandonar o local que estava na família há
décadas. Ouviu-se dizer que eles
estavam falidos agora.
Aquele era o
primeiro encontro dos dois, se conheceram na saída da escola há um
mês. O menino era um pouco
mais velho que ela e queria ser um grande mágico no futuro, ele
disse. A menina tinha 16 anos, uma aluna qualquer da escola. Não havia muita coisa sobre ela
a ser dito.
– Por que me
trouxe aqui? Não podia ser num lugar mais vivo?
Ele riu.
– Quer que eu
pegue você num lugar onde todo mundo possa ver ou num lugar onde ninguém pode
visitar?
Ela deu de ombros.
Não tinha andado naquela parte da cidade antes, mas tinha notado o pouco fluxo de
veículos por ali. O garoto disse que queria levá-la pra conhecer o
Parque da cidade, mesmo estando
proibido para visitas. Ele a convenceu de que ia ser legal visitar o
local porque estava vazio e,
assim, ninguém os incomodaria. Além de ela poder contar pras amigas que ficou com um cara mais
velho num lugar escondido do mundo!
– Vem, a entrada é
por aqui! – Segurou-a pela mão e entraram numa rua estreita. Antes
dava pra ver o Parque mas
parecia estar ainda meio longe.
Eles entraram pela porta de uma garagem, andaram mais um pouco e saíram por uma porta, numa rua,
onde lá estava o Parque. Era imenso! Os brinquedos estavam pouco
gastos pela falta de manutenção
e pela erosão do tempo, mas ainda eram coloridos e bonitos. O que
faltava pra dar vida ao lugar
eram as pessoas. O resto era fantástico!
A menina sorriu
quando viu o lugar. Reluzia à luz do sol poente e era tudo tão
bonito! Sentiu vontade de trazer
sua família ali, comprar doces e andar na roda-gigante com sua mãe
que tinha medo de altura. Era
mágico!
O garoto se virou
pra ela e lhe deu um beijo. Não foi longo, mas ela teve uma sensação diferente.
– Vem que vou te
apresentar uns lugares maneiros! A notícia ruim é que não tem
energia elétrica por aqui,
mas ainda é divertido!
Ele foi a puxando
pela mão e levando pelo Parque afora. Foi lhe apresentando os
lugares, onde tinha isso e
aquilo, onde as pessoas faziam isso e aquilo outro… Ele conhecia
ali muito bem.
Bem demais.
Ele começou a
cantarolar uma música e ela ficou curiosa.
– Que música é
essa? É familiar…
– Ah, era a música
do carrossel daqui. Eu ouvia muito essa música e parece que fica
grudada na cabeça. –
Sorriu.
Os dois se sentaram
na plataforma de um Carrossel e ficaram conversando abraçados.
– Lembra quando
você disse que não gostava de mágica? Posso saber porquê?
(...)
Ficou curioso? Hahaha!
Enfim, esperamos que tenham curtido nossa semana de terror!