A Caixa
– Pai, você ouviu isso?
– Ouvi. Eles estão se aproximando – disse o pai sussurrando
pro filho enquanto pregavam tábuas de madeira sobre a porta.
O menino magro e energético estava trêmulo. Carregava pregos
e um martelo para que o homem mais velho pregasse as tábuas nas portas e
janelas.
Ele girava a cabeça com muita frequência, tentando escutar
qualquer mínimo ruído. Se escutasse, significaria que eles haviam chegado.
Estariam ali em sua casa e então seria difícil demais escapar.
– Vamos filho, para o sótão.
O pai achava que o sótão era o lugar mais seguro da casa
pois o único modo de subir até lá, era abaixando uma escada e depois que
subissem, ela subiria junto. Haviam juntado comida suficiente para os dois,
cobertores e água no sótão. Conseguiriam viver ali por, pelo menos, quatro
semanas.
Era uma casa grande, não gigantesca. O menino passou a vida
inteira la. A mãe do garoto faleceu há pouco tempo e infelizmente,
praticamente, faleceu nos braços do marido. Às vezes o menino tinha pesadelos
com a lembrança do que aconteceu naquele dia: ele ouviu seu pai levar um susto
e quando ele foi ver, sua mãe estava no chão da sala de estar. Tinha sangue
saindo pelos olhos e ela balbuciava algumas coisas que ele não compreendia. Seu
pai estava com sangue nas mãos e ela em seu colo. O menino ficou ali,
paralisado. “Eu chamei a emergência, filho, por favor, não fique aqui!”. O
menino virava de costas e começava a chorar e então acordava.
Os dois colocaram a escada no chão e começaram a subir
quando o pai se lembrou de uma coisa muito importante.
– Filho, eu não peguei a caixa! Eu vou voltar para
buscá-la...
– Não! Eu vou, eu sou mais rápido que você!
– Seja cauteloso.
Depois da morte da mãe, o menino viu o pai várias vezes
sentado chorando em algum canto da casa segurando aquela caixa de madeira
escura. Era pequena, do tamanho de uma palma. Ele nunca soube porque seu pai
sempre estava com aquela caixa nas mãos. Nunca perguntou.
O menino desceu as escadas, respirou fundo e correu em
direção ao quarto dos seus pais onde seu pai disse que a caixa estava. Deve ser
muito importante pra precisar voltar e pegá-la, pensou. Ele entrou no quarto e
ouviu um ruído vindo do andar de baixo da casa. Eles estavam lá. O menino se
apressou e viu a caixa em cima do criado-mudo, perto da janela do quarto. Ele
espionou pela janela e avistou muitos daqueles seres sem alma, sem propósito,
sem empatia, rodeando sua casa.
O ruído se tornou mais alto e mais próximo.
O menino saiu do quarto e sentiu que alguma coisa estava o
observando mas nem sequer olhou para trás e subiu as escadas tremendo e quase
chorando. Ele e seu pai subiram a escada até o sótão e fecharam a porta.
Respiraram aliviados.
O menino olhava para a caixa, ainda intrigado e finalmente
perguntou:
– O que há nesta caixa, pai?
– O sangue da sua mãe, meu filho... A cura pra esses
monstros que estão lá fora.
Tã tã tã tããã...
No final, só você pode dizer quem são "eles"!
Bom gente, espero mesmo que tenham gostado! Esse conto, eu, Carla Lorena, escrevi pra um desafio aqui do blog:
- Teria que ser um texto de no máximo 40 linhas;
- Deveria ter um objeto misterioso;
- Os leitores deveriam interpretar o final, dessa forma, pode ter mais de um final diferente,
Preparem-se para outros desafios que virão! Todos estão convidados a participar!
Até a próxima!
Tã tã tã tããã...
No final, só você pode dizer quem são "eles"!
Bom gente, espero mesmo que tenham gostado! Esse conto, eu, Carla Lorena, escrevi pra um desafio aqui do blog:
- Teria que ser um texto de no máximo 40 linhas;
- Deveria ter um objeto misterioso;
- Os leitores deveriam interpretar o final, dessa forma, pode ter mais de um final diferente,
Preparem-se para outros desafios que virão! Todos estão convidados a participar!
Até a próxima!
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